“Que sabem os leitores do cotidiano de um escritor ou da difícil função da crítica? Como é a casa do escritor, como vive ele a sua vida? Rubem Braga costumava tratar o assunto com indisfarçável tédio. Claro, não há nada mais prosaico que a vida do escritor, seus hábitos diários, suas idiossincrasias, às vezes sua vaidade latente. Mas nem todo escritor é vaidoso, apesar de a vaidade ser uma das características básicas desta atividade marcada por desajustes e solidão. Um cotidiano que se resume em leituras boas e más e na alegria de perceber o texto acabado depois da angústia e vazio iniciais. Quase uma escravidão prazerosa. Que mais envolve o hábito de ler, escrever, publicar e, também, comprar e colecionar livros?”
(da crônica “Literatura e vida”)
André Seffrin (1965) é brasileiro nascido em Júlio de Castilhos, pequena cidade do Rio Grande do Sul, onde passou apenas a primeira infância. Durante onze anos viveu no Paraná e em 1987 fixou residência no Rio de Janeiro. Ensaísta, crítico literário e pesquisador independente, em três décadas de atividade foi colaborador de jornais e revistas como O Globo, Manchete, Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, EntreLivros etc. Organizador de antologias temáticas e de numerosas edições de obras seletas ou completas de autores clássicos e contemporâneos, também escreveu ensaios críticos e biográficos, alguns em edições de arte (Joaquim Tenreiro, Paulo Osorio Flores, Sérgio Rodrigues), e coordenou coleções de literatura para diversas editoras.