Romance vigoroso, de um autor senhor de seus instrumentos de expressão, seguro na forma – um estilo conciso, preciso, a servir de grande elemento ao aprofundamento de seu tema, e a lembrar o do próprio romancista que o prêmio homenageia, tem A Pasmaceira1 por ambiente uma pequena cidade brasileira dos dias de hoje e nos traz a história de uma família através da visão de três de seus membros – mãe, filho e neto –, cada um com seus dramas íntimos, as duas primeiras figuras com suas vidas truncadas, a terceira em sua procura de descobrir o porquê do trágico destino do pai. Romance a abarcar um largo espaço no tempo, nesse espaço fixa ele alguns momentos-chave de nossa história política mais recente através de seus reflexos na cidadezinha – o caso do 31 de março de 1964, que, por sinal, vai motivar um dos pontos mais altos do romance. Além da força da história, da dos seus personagens, de seu conteúdo humano, é de se considerar, na obra, a captação da atmosfera dessa cidade provinciana, seu dia-a-dia, seus tipos, episódios grotescos – elementos esses e outros que dão ao livro sua alta qualidade.