Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos. Inspirado em Heraclito cabe escrever aqui também que todos os textos deste livro são os poemas da vergonha mas também da derrota e da glória. Em todos estes versos há a memória de um tempo, de um lugar, de uma estação do ano,
de um dia ou, em certos casos, apenas de um breve momento da vida.
A satisfação de dar um poema por terminado acaba no momento em que renascemos para a escrita de outro poema, com o sabugo das unhas a doer, anunciando a continuação da luta pela glória, a que se seguirá mais uma derrota, e um dia mais tarde outra vez a vergonha de vivermos a morte dos poemas
e os poemas viverem a nossa morte.